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sábado, 13 de fevereiro de 2010

De folga, turma da dupla Ba-Vi diz como vai aproveitar o Carnaval


Um dos nomes mais respeitados das Ciências Sociais, o antropólogo Roberto DaMatta tem uma explicação para o tamanho do frisson causado pelo Carnaval e o futebol no povo brasileiro.

Em seu livro "O que faz do brasil, Brasil?", afirma que tanto um como o outro – não à toa símbolos identificados com o País no exterior – tem a capacidade, de maneira coletiva, de tirar o brasileiro da rotina de trabalho. Estaria neste poder transcendental uma das explicações para tamanho culto e reverência.

O trabalho de DaMatta, por se tratar de um estudo generalista de comportamento, não contempla, porém, uma pequena exceção. Ignora a classe dos boleiros e também a dos cantores de trios elétricos. Ambos com uma rotina profissional justamente atrelada a um desses dois segmentos.

O que fazer? - Para os jogadores de futebol, em particular, essa época do ano se torna então uma das poucas oportunidades de desanuviar do estresse profissional, ao qual são submetidos durante toda uma temporada. Mesmo assim, em função dos cuidados com a parte física, acabam não aproveitando a festa da mesma forma que um folião comum.

Nos clubes daqui, o Bahia deu uma folga generosa para seus atletas. Os jogadores do Esquadrão ficaram liberados para curtir todo o sábado e prolongam a folga até este domingo. No Vitória, a folia só reina neste domingo. Segunda-feira, 15, logo pela manhã, já retornam às atividades normalmente.

“Essa pausa é muito boa. O Carnaval é uma festa bonita, ainda mais na Bahia. Vou com minha família para o camarote, sem abusar”, conta o experiente Ramon Menezes, de 37 anos.

O colombiano Viáfara, desde 2008 residindo na Bahia, revela que esta será a primeira folia momesca que vai curtir de perto. “Ano passado, como minha filha tinha nascido, vi tudo pela televisão. Lá na Colômbia é diferente, cada cidade tem sua festa, mas nenhuma se parece com a da Bahia. Só em Barranquilla é que tem desfile de escola de samba, igual ao Rio de Janeiro”, compara.

No lado do tricolor, Rogerinho, há menos de dois meses na Bahia, confessa que está muito interessado em conhecer pessoalmente a forma como o festejo é tratado em Salvador. “Só conheço o Carnaval daqui pela TV. Se tiver a oportunidade de dar um passada lá, vou curtir com certeza. Mas não tenho nada certo ainda”, diz o jogador, um dos convidados para o bloco Bróder, do colega Edilson.

Fugir do agito - A imagem do atleta baladeiro, tão frequente no imaginário do torcedor, desmancha-se perto do pequeno Ananias, meia do Bahia, de 21 anos.

Avesso ao Carnaval, o jogador, natural de São Luís do Maranhão, prefere programas mais alternativos nesta época do ano. “Eu vou ficar em casa, sou um cara tranquilo. Nem conheço o Carnaval de Salvador. Nunca fui. Talvez eu viaje com minha esposa, senão vou ficar assistindo pela TV”, dispara.

Os resultados que assolaram o tricolor durante o início do campeonato também viraram motivo para Ananias desistir da festa. “Até tenho curiosidade de conhecer o Carnaval daqui, mas tudo no momento certo. Agora, com os jogos ruins que a gente vinha tendo, não me dou o direito de festejar. Mas nada contra a quem vai, não”.

O goleiro Vinicius, apresentado pelo Vitória na última terça, vindo do Atlético Paranaense, já chegou em uma cidade respirando o Carnaval. Seria uma ótima oportunidade para aproveitar a folia e se soltar na avenida. Mas o arqueiro, de 24 anos, natural de Marachal Cândido Rondon, no Paraná, garante que não terá tempo para isso.

“Para mim, fica muito difícil de ir. Acabei de chegar aqui na Bahia, e nem conheço muitas coisas direito. Conheço a festa de tanto ouvir falar e de assistir na televisão. Dá vontade de conhecer, mas tenho que me alojar na cidade, primeiro. Prefiro usar esse tempo para ficar com minha esposa... Quem sabe nos próximos anos”, projetou.

Colaborou Daniel Dórea l A TARDE

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