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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eleições no Bahia: Poder é jogo duro



Salvador - De Eduardo Rocha, no Correio* de domingo:
"Os abnegados são referência de um passado distante. Osório Villas Boas inaugurou, na década de 1960, processo que colocaria definitivamente a política na rota do futebol. Presidente do Bahia entre 1961 e 1969, o vereador contou com o impulso do torcedor para se tornar deputado estadual em 1967 e, desde então, alavancou a disputa pelo poder no clube.
Os sucessores Paulo Maracajá (1979-1994) e Marcelo Guimarães (1997-2006) enverederam por caminhos semelhantes. Passaram a cadeira, mas continuam atuantes. O suficiente para participar ativamente do processo eleitoral que acontece entre os dias 1º e 15 de dezembro. Aliados no discurso, ocultam o racha no “partido da situação” Conhecidos como G1 e G2, dividem Maracajá, Petrônio Barradas e Marco Costa num nível, Marcelo Guimarães, Ruy Accioly e Roberto Passos em outro.
Divergências que não os impedem de atuar lado a lado na discussão de questões do cotidiano. A oposição e a terceira parte interessada. Depois da derrota nas eleições de 2005, o grupo ganhou representatividade com o apoio de setores do governo do estado, notadamente do chefe de gabinete do governador, Fernando Schmidt – presidente do clube entre os anos de 1975 e 1979. Cenário político acirrado.
Três forças distinta disputando cargo único: onde é possível o consenso? O ideal de um candidato que transite com fluidez entre as partes parece utópica, talvez apolítica, mas torna-se mantra de representante de todos os lados.
COTADOS – O nome? Reub Celestino. Mas nem o presidente da Empresa Baiana de Alimento (EBAL) parece convencido da possibilidade deste “consenso” ir adiante. “Acho isto uma hipocrisia. Não passa da aceitação de alguns por conta da idéia de outros”. Ainda assim, não descarta “arregaçar as mangas desde que seja algo sério”. Seria o candidato da oposição, como alternativa ao empresário Fernando Jorge Carneiro.
As partes se movimentam nos bastidores há algum tempo em busca de possibilidades. O deputado federal Marcelo Guimarães Filho é a aposta do grupo encabeçado pelo pai, apesar de negar com veemência o interesse de assumi o posto. “Fiquei até surpreso quando surgiu meu nome. Eu nunca pensei nesta questão. A possibilidade não existe, meu projeto é apenas político” anuncia.
Outro nome especulado com alguma freqüência é do atual diretor de futebol Rui Accioly, mas ele também se exclui na missão. “ Estou reafirmando que não sou candidato. Nem à presidência nem a reeleição do conselho deliberativo” São duas as alternativas; arrumar um nome até o meado de novembro ou apoiar o escolhido pelo outro grupo da situação.
ESTRATÉGIA – Está definido. Paulo Maracajá assume a presidência do Tribunal de Contas do Município (TCM) em janeiro de 2009. Foi escolhido por outros seis conselheiros para ascender do cargo de vice – promovido, apesar de investigado pelo ministério público da Bahia, supostamente, por infringir a lei orgânica do TCM no artigo 22 “ É vedado ao conselheiro exerce cargo técnico ou de direção de sociedade civil associação ou fundação de qualquer natureza ou finalidade….”
A ação movida por setores da oposição tenta provar que a atuação do ex presidente no Bahia caracteriza acúmulo de função. Maracajá nega. Admite no entanto, se afastar do clube após a eleição. Não estou saindo. “Serei conselheiro do Bahia sempre, só não vou ser mais atuante.” anuncia. Apesar de reproduzir o discurso do consenso, manobra emplacar nome próprio.
O escolhido já estaria, inclusive “atuante” como o ex-presidente garante que deixará de ser. “ Não vou especular nomes”, desconversa. Questionado sobre a demora na deflagração do processo eleitoral estica mais um pouco o papo. “faltando 10 ou 15 dias, os nomes começarão parecer. Isto é política. Tudo é política. Você faz política em casa, com sua família” alega. Estratégia de campanha. Maracajá garante manter conversas com Fernando Schmidt através de interlocutores. Só descarta acordo para se livrar da ação do Ministério Público."

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