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domingo, 20 de janeiro de 2008

BAHIA X Feirense Dom, 20/01, às 17h00

Polêmica sobre o novo preço do ingresso

20/01/2008 - 01h06

Salvador - Entre um guichê e outro, um papel de ofício afixado na parede da bilheteria dava as “boas-vindas” ao torcedor। “Ingresso a preço único: R$ 15”, informava o aviso, para insatisfação geral de quem precisou se deslocar até o Estádio Armando Oliveira, na cidade de Camaçari, rumo à estréia do Bahia no Estadual 2008।

“Isso é um absurdo. E olhe que liguei para cá, mais cedo, e disseram que seria R$ 10”, reclamou o mecânico José Roberto França, que mora perto do novo mando de campo tricolor. “Que bela surpresa para os campeões de público do último Brasileiro”, completou o comerciante Augusto Santos, extremamente irritado.
EXPLICAÇÕES – Sem qualquer aviso prévio, e de olho numa compensação financeira após a perda da Fonte Nova, o clube majorou em 50% o valor da arquibancada a partir de quarta-feira da semana passada. “O preço não aumentava desde 1994, então havia uma defasagem muito grande”, alega o diretor financeiro do Bahia, Marco Costa.
A idéia é apostar no fanatismo da torcida. “Como existe uma necessidade de o clube se manter, buscamos a massa, que é parceira e sempre apoia. Para você ter idéia, alguns chegaram a sugerir que cobrássemos R$ 20, mas acho R$ 15 mais justo”.
Segundo ele, a decisão foi combinada com o arqui-rival. O problema é que o presidente rubro-negro, Jorge Sampaio, desmente a história.
“Não tem nada a ver. Ouvimos foram várias correntes dentro do Vitória. Uma delas preferia que fosse R$ 15 no Baiano e R$ 20 no Nacional, mas a que prevaleceu foi R$ 15 o ano todo”, assinala o cartola, acrescentando que hoje em dia, mesmo no caso do Leão, dono de um estádio próprio, as despesas alcançam a metade da arrecadação de uma partida.
Embora reconheça “toda a dificuldade que o trabalhador baiano enfrenta”, também ressalta as 13 temporadas de ingressos congelados em Salvador. Pois, se por um lado o reajuste deixou o bilhete equiparado ao de uma sofisticada sala de cinema na cidade, quando o conforto não é nem de longe semelhante, por outro ainda fica longe da inflação acumulada no período.
QUASE O DOBRO – Responsável pelo escritório regional do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na Bahia, Ana Georgina Dias conta que, se fosse levado em consideração o índice oficial do governo (IPCA), o ingresso já deveria estar custando R$ 29,28. De setembro de 1994 a dezembro de 2007, a inflação se acumulou em 192,79%.
“As correções salarias, dependendo da categoria profissional, superaram esse número ao longo do tempo. Nesse sentido, a majoração realmente não foi injusta”, contemporiza Ana. Atualmente, o preço de uma entrada corresponde a 4% do salário mínimo (R$ 380), igualzinho ao que acontecia no ano do tetracampeonato da Seleção (R$ 2,60 de R$ 64,79).
PRECEDENTE – A história mostra, porém, que o tiro pode sair pela culatra. Verdade que na época o aumento foi maior – de 100% –, mas em 2003 a atitude terminou revista pela dupla Ba-Vi apenas um mês depois. O fiasco nas bilheterias falou mais alto.

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