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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Torcida tricolor repudia eleição do continuísmo


Em meio ao tricolor – azul, vermelho e branco – o preto da faixa “Fora o continuísmo” destoava. Destoava na cor, mas estava bastante consoante com o espírito dos mais de trezentos torcedores do Bahia que realizaram neste domingo, 23, uma carreata em forma de protesto com o lema “Carreata da Mudança”. Aos mais de 70 veículos somaram-se as vozes, bandeiras, faixas e hino do clube, do Vale do Canela até a sede de praia da Boca do Rio.
No caminho, a receptividade e o apoio vinham das mais diferentes formas. Houve quem cantou o hino, quem bateu palma, quem gritou “Bora Baêa” e quem só balançou a cabeça em sinal de aprovação.
Em meio aos torcedores e às torcidas organizadas, o que era divergência na escolha do candidato à presidência do clube, virou concordância no objetivo final. “O que nós queremos deixar claro é que não vão nos empurrar goela abaixo um candidato que a torcida do Bahia não quer (no caso, o deputado federal Marcelinho Guimarães), não!”, afirmou Tadeu Sena, do grupo Revolução Tricolor, responsável pela organização da carreata.
Além da Revolução, estiveram presentes as torcidas organizadas Bamor, Povão, Terror Tricolor, Unidade Tricolor e o grupo Associação Bahia Livre (ABL).
Apesar da manifestação de ontem, os olhares e pensamentos dos torcedores têm um alvo mais à frente: dia 26 de novembro. Para esta data está marcada a Assembléia Geral de Sócios que vai discutir pontos acordados entre o Conselho Deliberativo do Clube e os associados para mudanças no Estatuto.
As modificações vão desde a retirada de taxa para adesão de Sócio Contribuinte até as eleições diretas para a presidência do clube a partir de 2011.
“Apesar das eleições diretas só estarem previstas para daqui a três anos e o Conselho ter mais de 80% de votos para a situação, nós vamos parar cada conselheiro na porta do clube, um por um mesmo, para que ele justifique o porquê do seu voto. O torcedor merece essa satisfação. Se eles querem o continuísmo, vão ter de dizer o motivo”, afirmou Tadeu.
“Estou aqui porque tenho medo que o Bahia acabe se continuar do jeito que está. Minha mulher está grávida e meu filho nasce em janeiro. Já imaginou meu filho torcendo pra o Vitória porque o Bahia não existe mais?”, questiona, irônico, o torcedor Lúcio Flávio Rios, da ABL.
“Estamos aqui na carreata para manifestar o nosso repúdio à possibilidade da candidatura de Marcelinho Guimarães à presidência do Bahia. A situação do jeito que está não pode ficar. A torcida está se sentindo humilhada e não podemos ficar parados, inertes”, desabafou o vice-presidente da Bamor, Julius Bacellar.
A sensação de desespero por conta da situação do clube – sete anos sem um título, com a sede de praia em frangalhos e com dívidas a pagar – era bem visível na voz do torcedor Archibaldo Reis. “Torço pelo Bahia há mais de 50 anos e nunca vi uma situação dessas. Nós somos uma nação e temos que nos contentar com não ter ido para a 3ª divisão? Isso não está certo! O Bahia é uma parte da minha vida", disse.

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